segunda-feira, 21 de junho de 2010

Não será a ultima vez.

As mãos que abrem o buraco em que irás descansar são as que te criaram, conjunto de palavras de interpretação difícil, verdades de um interior, onde os neurónios ainda trabalham a papel e tinta, onde os escritos ainda são feitos à luz das velas.
Conjunto de palavras, de significado tão intermitente como a luz que as alumia, estas são as mãos que te enterram! Acarinha-as.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Visão de um ser desprevenido: Performance - The Great Learning, Paragraph 5, Cornelius Cardew, ou, como de repente um Sábado "dondoca" se transformou


Fiquei com a sensação que o acaso me permitiu assistir no sábado (dia 29) à, minha, definição mais perfeita de performance, tanto em execução como em concepção. Infelizmente quis também o acaso que fosse um dos poucos a ter esse privilégio.
A performance artística, como a entendo, deverá ser chocante e de enredo difícil de deslindar e, claro está, esta assentou que nem uma luva.

A ligação de Cardew ao trabalho de John Cage, devia por si só ser razão suficiente para arrastar aos Aliados o meio mundo artístico, mas mais uma vez a cultura e em particular a arte move-se por caminhos estranhos e normalmente tortuosos.

Os movimentos dos performers, aparentemente, desconexos, tanto em relação ao som como entre si, agradaram-me bastante, ainda mais porque escondiam em si o seu oposto: a disciplina que apenas se revelava – quando cada um, à vez, se dirigia a uma mesa e confirmava na checklist que movimento se seguiria e assinalava o anterior, e ainda, quando em uníssono diziam o parágrafo traduzido por Erza Pound do Confúcio (tinha a ver com disciplina mas não me recordo o nome). Afinal a peça chama-se The Great Learning, que esperar?
Caótico foi o momento em que todos os participantes se juntaram no fundo da sala e ecoaram sons vindos dos mais variados utensílios a bater entre si: caixotes, tachos, ferros, garrafas, etc… aqui ninguém me tira da ideia que ouvi um pouco de Virgin Prunes. Mais tarde a liberdade da composição voltaria a ser escutada por arcos de violino a passar em serras, antes de vários tipos de comida e bebida voar, mais uma vez de forma caótica, por todo o espaço da Culturgest. Tudo isto seria revelado quando parte dos performers saíram à rua, arrastando atrás de si parte destes despojos, em marcha fúnebre, talvez em busca do publico que escasseou dentro da sala, enquanto, no interior, o defunto era vestido com os restos da comida (homenagem ao Cornelius Cardew? à musica como a conheciam nos anos 60/70? à performance em si? não me cabe a mim responder a estas questões interpretativas).

Poderia elucidar-vos melhor sobre o contexto do que vi, poderia tentar responder a estas questões mais interpretativas – está tudo num pequeno jornal facultado pela Culturgest sobre as peças. Mas por mais que tentasse vos explicar, cada palavra ficaria aquém da experiência que tive. E cada um que ali este no sábado teve a sua.

A quem não esteve :"Não sabeis o que perdestes ò gentes de pouco tempo e fracas escolhas!"

Para mais informaçoes sobre a performance e sobre a exposição na página da Culturgest

terça-feira, 8 de junho de 2010

Bats will be bats

Ainda assim,

teimo em dançar ao luar mesmo que a lua "seja a nova".